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quinta-feira, 2 de junho de 2011

“Café com Poesia” reúne poetas e escritores

DO CORREIO DO AGRESTE

charlesnasci@yahoo.com.br

A 13ª edição do Projeto “Café com Poesia”, que aconteceu no último dia 26 de abril, na Câmara de Vereadores de Surubim, prestou homenagem ao médico-escritor José Nivaldo Barbosa e ao Bel. Dídimo Gonçalves Guerra (in memorian). José Nivaldo, romancista com vários livros publicados e membro da Academia Pernambucana de Letras (APL), não compareceu ao evento por se encontrar com problemas de saúde. Foi representado na ocasião pelo médico-escritor Luiz Barreto, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, membro da Academia Pernambucana de Medicina, do Instituto Pernambucano de História da Medicina e diretor do Memorial da Medicina de Pernambuco da UFPE. Em seu pronunciamento, ressaltou as qualidades do escritor José Nivaldo.

Com a palavra, o ex-deputado federal Gonzaga de Vasconcelos, reportando-se aos nomes reverenciados, disse tratar-se de dois grandes homens de Surubim e afirmou ter aprendido muito com Dídimo Guerra, na sua trajetória como Bacharel em Direito. Presentes no encontro os poetas Vital Corrêa de Araújo, Rogério Generoso e Sílvio Hansen, que, na noite anterior, proferiram palestra sobre a Poesia Moderna no Cristal Hotel. 

Durante as homenagens a Dídimo Guerra, cujas atividades literárias ficaram circunscritas às crônicas sobre sua época, publicadas em parte postumamente, foi exibido um vídeo dirigido pelo colunista deste CORREIO, Charles Nascimento. Nele, Charles inspira-se num momento da vida de Dídimo quando, ainda criança, acompanha um desses blocos de Carnaval e retorna à sua casa, já noite. Ele transpõe os fatos que se deram nos primeiros anos do século passado para um período mais recente, por ocasião do Desfile da Escola Império Serrano, em 2002. Dezenas de casinhenses, naquela oportunidade, desfilaram no Sambódromo, no Rio de Janeiro, a convite de Ariano Suassuna, cuja obra inspirou o enredo daquela agremiação carnavalesca.

Depoimento – Neste momento em que relembramos o cinqüentenário de falecimento de Dídimo Gonçalves Guerra é oportuno traçar um perfil desse personagem que marcou a história do Século XX em Surubim. Transcrevemos, aqui, parte do pronunciamento de sua filha Diva Guerra, em nome da família, por ocasião das homenagens póstumas de que foi alvo na Câmara de Vereadores, durante o “Café Literário”:
Quero explicar aos presentes que meu pai não deixou livro impresso, mas deixou escrito de próprio punho muitos textos e crônicas que relatam sua vida desde a infância e os acontecimentos mais importantes do seu tempo e do seu povo. Há 10 anos passados, a nossa família resolveu escolher os textos mais importantes e, com a ajuda de Marisa Barbosa, foi escrito este livro, com o título 'Dídimo Gonçalves Guerra – Com coragem e determinação, trabalhou e lutou em defesa da dignidade humana'. 


Meu pai nasceu em Cachoeira de Casinhas em 7 de julho de 1896, há 115 anos passados. Casou com Severina Cabral Guerra em 1918 e faleceu em Surubim, no dia 22 de fevereiro de 1961, há 50 anos. Ele foi agricultor, balconista, escrevente do Cartório do senhor Aníbal da Silva Rêgo, comerciante, vereador em 1936, prefeito interino do município de Surubim e advogado. Às vezes fico imaginando a dificuldade imensa que meu pai enfrentou para estudar e ele fala em suas crônicas dessa dificuldade, pois morava na zona rural e o professor que por lá passava era particular.


E, como meu avô era muito pobre, meu pai só freqüentava a escola metade do ano, por motivo de economia. Conta que ficava triste e chorava quando deixava a escola. Quando todos dormiam ele acendia o candeeiro e ia recordar o que aprendera, preocupado com a reclamação do seu pai por estar gastando querosene. Em 1913 veio morar em Surubim. Ele não estudou música, mas compunha e tocava vários instrumentos como: violão, violino, Serafina, bandolim e saxofone. Foi músico na Banda Cônego Benigno Lira. 


Digo sempre que ele foi um homem à frente do seu tempo, pois logo cedo descobriu que sem estudo o homem não crescerá e, quando se viu com família grande para sustentar, partiu com determinação e coragem, voltou a estudar. Enfrentando todas as dificuldades que vocês possam imaginar, formou-se, em 1937, Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Alagoas, exercendo com competência e dignidade a profissão que abraçou, tornando-se o primeiro advogado de Surubim. 


Tinha um coração do tamanho do mundo, para acolher, proteger os mais necessitados, recebendo carinhosamente da população o nome de ‘Pai e Advogado dos Pobres’. Este é o nosso pai, Dídimo Gonçalves Guerra, de quem muito nos orgulhamos. A nossa família agradece esta homenagem. Muito obrigada.”