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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Uma safra que não deixará saudades

Imagem: Reprodução
Da Folha de Pernambuco (Inaldo Sampaio)
maiscasinhas@yahoo.com.br

É improvável que tenha existido no Brasil uma safra de prefeitos com um percentual tão grande de maus gestores como a que terminou os seus mandatos no último dia 31. A imprensa e as redes sociais têm se encarregados de desmascará-los. Pois raro é o dia em que não vêm à tona os malfeitos deixados por eles para os seus sucessores. São veículos sucateados, postos de saúde sem remédios, escolas caindo aos pedaços, computadores destruídos, bens públicos roubados e servidores sem salário.

Credite-se em favor dessa gente uma conjuntura econômica desfavorável desde o ano de 2011. Que sacrificou as prefeituras com aumento do salário mínimo e do piso nacional dos professores acima do índice inflacionário, a queda do FMP devido à desoneração dos produtos da linha branca e da indústria automobilística, e o desaparecimento da receita da Cide pelo desejo do governo federal de manter a inflação sob controle. Mas isso não lhes dava o direito de destruir o patrimônio público.

Se o mal que fizeram nas prefeituras recaísse apenas sob suas cabeças, tudo bem. Mas eles zombaram dos próprios eleitores que lhes confiaram o poder há quatro anos. O resultado disso é que muitas cidades levarão pelo menos um ano para reorganizar suas finanças, especialmente as que estão inadimplentes com o governo federal e impedidas de receber recursos da União. Pior que tudo isto, no entanto, é saber que muitos deles estarão de volta em 2016, pois o povo tem memória curta.

O imbroglio - Muitos prefeitos da safra de 2008 desviaram recursos da Pre­vidência para outros fins e, para não deixar o município inadimplente, parcelaram o débito com o INSS dan­do o FPM como garantia. A conta sobrou para os sucessores, que estão sem saber o que façam para sair desta enrascada. 

O rodízio - Por causa da posse dos novos prefeitos, o rodízio de médicos nos PSFs tem sido a regra no interior. Os prefeitos, com raras exceções, não querem trabalhar com médicos que não os apoiaram. Estão atrás de outros que nem sempre estão disponíveis no mercado. Quem sofre com isto é a população, que perde o profissional que acompanhava a saúde dos seus familiares.