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terça-feira, 5 de abril de 2016

NA GLOBO I Mutirão descarta 95 casos notificados de microcefalia em 116 exames em PE. Um deles foi de Casinhas

De Casinhas, Maria Sueli Costa, 24 anos, e o esposo, Cremildo Silva, 31, comemoraram o atestado de saudável do pequeno Davi Miguel, 2 meses (Foto: TV Globo/Reprodução)
Do G1 PE
charlesnasci@yahoo.com.br

Um mutirão realizado pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES) começou a revelar, na última sexta-feira (1º), uma mudança no quadro de acompanhamento dos casos suspeitos de microcefalia associada ao vírus da zika. Em cerca de nove horas de trabalho, na Associação de Assistência à Criança com Deficiência (AACD), na área central do Recife, médicos avaliaram 116 bebês notificados com microcefalia. E concluíram que 95 deles não tinham a malformação cerebral, com o se acreditava antes. Dos 116 casos analisados, 14 foram confirmados com microcefalia e sete seguem em análise.

O resultado dos primeiros testes deixou aliviado o secretário de Saúde de Pernambuco, Iran Costa. "Isso é bom para o estado e para as famílias. Esse mutirão vai definir quem tem que cuidar e quem terá a suspeita afastada. Essa indefinição causa muito sofrimento para as famílias. Com o mutirão, tiramos esse estigma de cima [das famílias]", afirmou. Para Costa, cada passo é importante em um momento em que a doença ainda é desconhecida. Ele lembra que Pernambuco tem um número alto de notificações, porque começou a notificar antes dos outros estados. "Na época, ainda incluíamos bebês com 33 centímetros de diâmetro cefálico. O protocolo foi desenhado e com o passar do tempo as coisas foram se estabilizando. É assim mesmo, depois vai estabilizando. Espero que esse número [de descartes] ainda aumente bastante", observou.

Assista na reportagem do NETV, da Rede Globo:

     

Metodologia
Os exames estão sendo feitos por neuropediatras. Em quatro salas, eles submetem as crianças a testes clínicos e a ultra-sonografia. Os casos que precisaram de uma atenção maior seguem para tomografia e sorologia e de líquido céfalorraquidiano (LCR). Nos casos descartados, os especialistas emitem laudos para atestar as boas condições do recém-nascido. Já os pacientes com malformação seguem para uma nova etapa dos exames. É preciso definir se a microcefalia tem origem infecciosa ou outra causa.

"Esse mutirão é para descobrir e aliviar essas mães", afirmou Vanessa Van der Linden, neuropediatra da AACD , uma das primeiras médicas do Brasil a fazer a associação entre os problemas nas crianças e o vírus da zika. Na primeira etapa do mutirão, os médicos avaliarão crianças de 72 municípios da Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata e Agreste do estado. Ao todo, serão seis dias de exames. De acordo com o calendário, haverá mais atividades na AACD, no próximo dia 8, no Recife. Em seguida, as equipes seguem para Caruaru, no Agreste, e Petrolina, no Sertão. Serão dois dias em cada cidade. A previsão é que esses locais sejam visitados a partir da segunda quinzena deste mês.

No total, 50 profissionais participam da ação, entre neuropediatras, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas. "Vamos priorizar essas crianças que estão sob a investigação. Com o diagnóstico preciso, poderemos começar o mais rápido possível a reabilitação delas", ponderou a secretária executiva de atenção à Saúde, Cristina Mota. A movimentação na porta do bloco B da AACD era intensa. Mães com bebês no colo circulavam com semblantes bem distintos. Uma mistura de felicidade e angústia. Alegria de quem saia com o atestado de bebê saudável e apreensão diante da confirmação da malformação dos bebês.

Foto: TV Globo/Reprodução
Felicidade era o que não faltava na família da dona de casa Maria Sueli Costa, 24 anos. Ela e o esposo, Cremildo Silva, 31, comemoravam o atestado de saudável do pequeno Davi Miguel, 2 meses. "Eu via que ele era um menino saudável. Graças a Deus agora temos certeza", disse a pai. Moradores do município de Casinhas, no Agreste, o pai já planejava a festa para celebrar a notícia. "Já agradeci a Deus. Meu coração foi a 200 por hora quando o médico falou", contou ao exibir o atestado na mão.