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domingo, 10 de julho de 2016

Salário mínimo fica abaixo do valor necessário para sobreviver

Criado em 1938 para assegurar bens e serviços essenciais a uma família, mínimo deveria ser de R$ 3,9 mil, segundo o Dieese. Alta do custo de vida agrava aperto no orçamento
Foto: Google Imagens-Reprodução
Do DIARIO DE PERNAMBUCO
charlesnasci@yahoo.com.br

Para suprir as necessidades básicas, o salário mínimo deveria ser de R$ 3.940,24. Esse é o valor apontado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) como o mínimo necessário para trabalhadores garantirem comida, casa, transporte, saúde e educação de uma família de quatro pessoas. Na ponta do lápis, o montante equivale a quatro vezes o mínimo de R$ 880.

Por esses parâmetros, Alcino Nunes Fernandes, de 51 anos, está muito longe de ter o necessário para viver. Para ganhar cerca de R$ 880, ele trabalha como ambulante 12 horas por dia, vendendo capa de volante, raquete para matar mosquito e outras miudezas. Até ser demitido, ele capinava ruas e avenidas da cidade. Alcino precisou recorrer à informalidade para sustentar a família de cinco pessoas. A renda é complementada pelo salário da mulher e da mãe. "Tem que fazer muita conta. Não sobra nada. Não tenho dinheiro nem para comprar roupa. Eu ganhei esta blusa, a calça e o sapato de doação", conta.

Segundo o Decreto-Lei 399, de 1938, no governo de Getúlio Vargas, o salário mínimo deveria ser o suficiente para prover alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene e transporte ao trabalhador. No cálculo do mínimo necessário, o Dieese segue essa premissa à risca e leva em conta uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças). "A pesquisa ajuda a estimar a insuficiência do salário mínimo real", comenta o técnico regional do Dieese Lúcio Monteiro.

E essa discrepância tem crescido com o aumento do custo de vida. O mínimo necessário de 3.940,24, calculado em junho, é 4,2% maior em relação a maio, mês no qual esse valor era de R$ 3.777,93. O aumento tem relação com o encarecimento da cesta básica. Em BH, teve aumento de 4,24% no mês passado, em relação ao anterior. Apenas a compra dos 13 itens da alimentação básica – entre eles feijão, leite, óleo e farinha – consumiu R$ 425,82 na capital mineira, o equivalente a 52,6% do salário mínimo líquido, conforme aponta o Dieese. Se considerada uma família de quatro pessoas, dois adultos e duas crianças, o trabalhador belo-horizontino gastou R$ 1.277,46 somente para cobrir a despesa mínima familiar com alimentação em junho.


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