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sexta-feira, 25 de março de 2022

Marília Arraes lança candidatura ao governo de Pernambuco pelo Solidariedade e diz que Lula não é ‘propriedade do PT’

Ao lado de Paulinho da Força, deputada disparou contra PSB do primo e prefeito de Recife, João Campos

De O GLOBO
charlesnasci@yahoo.com.br

Após entrar em rota de colisão com lideranças do PT, a deputada federal Marílía Arraes oficializou nesta sexta-feira a sua filiação ao Solidariedade e lançou sua pré-candidatura ao governo de Pernambuco. Em evento ao lado do presidente do partido, Paulinho da Força, a parlamentar disse que pretende ter o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O movimento pode criar um segundo palanque para o petista no estado, já que até o momento o PT tem um acordo com o PSB para apoiar a candidatura do deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE) ao governo.

Marília fez agradecimentos ao PT e enfatizou que seguirá "apoiando incondicionalmente" Lula mesmo fora da sigla. Porém, ela afirmou que o ex-presidente está acima do partido e comparou o petista ao avô, Miguel Arraes, afirmando que os políticos são "símbolos" de projetos de país maiores que as disputas eleitorais. "Lula não é propriedade de um partido ou de uma família, assim como Arraes também não é", disse a deputada, com um banner de uma foto sua ao lado do ex-presidente ao fundo. "São pessoas que dedicaram suas vidas à defesa da democracia e à luta contra desigualdade social".

A parlamentar não poupou críticas à postura do PT em Pernambuco e ao partido fundado pelo avô, o PSB, onde está seu maior rival político local, o primo e prefeito de Recife, João Campos. Após Marília mostrar descontentamento com a condução petista das costuras políticas no estado, o PT chegou a lançar sua pré-candidatura ao Senado. O gesto elevou a insatisfação da deputada que afirmou que "não tinha sido consultada" pelo partido e acelerou sua desfiliação.
"Sou uma pessoa de posicionamentos. Minha história não merece isso, de repente viram a chave, sem justificativa, pra eu estar ali pelo Senado, sem ter sido consultada e sem ter colocado o nome para postulação", disse Marília.

Ela acusou o PSB de fazer política "por conveniência" no estado. Em 2020, ainda no PT, Marília enfrentou o PSB representado por João Campos na disputa pela prefeitura de Recife, uma das disputas mais acirradas daquela eleição. Segundo a parlamentar, o partido apelou para o discurso “antipetista” para derrotá-la e agora se alia ao PT por um "projeto de poder pelo poder". "O PSB (em Pernambuco) instaurou a política baseada no fígado, no ódio e na perseguição", disparou.

Para fazer frente à hegemonia do partido do avô, ao qual ela própria foi filiada, Marília não descarta a possibilidade de fazer uma chapa com outros pré-candidatos de oposição em Pernambuco, entre eles Raquel Lyra (PSDB) e Miguel Coelho (União Brasil). Ao lado da deputada, Paulinho da Força também indicou que o apoio de Lula é o ativo eleitoral prioritário para a candidata do Solidariedade. "Lula não é propriedade do PSB e muito menos do (Carlos) Siqueira (presidente do PSB). Vai ter apoio a Lula sim. Eles têm medo dos 16 anos de desgaste aqui", afirmou.