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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

CARNAVAL 2016 I Quando a folia confunde brincadeira e liberdade com preconceito e intolerância

Sexismo, machismo e falta de respeito se infiltram no carnaval (Foto: Bernardo Dantas/DP)
Da REDAÇÃO
charlesnasci@yahoo.com.br

A liberdade para brincar com estereótipos de todo o tipo é marca indissociável do carnaval pernambucano. Entre confetes e serpentinas (ou entre jatos de água e espuma, para soar mais contemporâneo), a ordem é, digamos, subverter a ordem. O clima de algazarra foliã está expresso nos estandartes, nas fantasias, nas brincadeiras carnavalescas. Não raro, no entanto, a jocosidade extrapola limites e descamba para o desrespeito, a intolerância e o preconceito.

Os principais alvos das atitudes de mau gosto, maliciosas (ou até mesmo inocentes, mas ainda assim reprováveis pela carga negativa) são aquelas pessoas já calejadas, pois sofrem desses mesmos estigmas em outras épocas do ano. A própria natureza do carnaval, por seu caráter “profano”, é um catalisador da objetificação do corpo feminino, do machismo e de comportamentos agressivos exemplificados na recorrência do “beijo roubado” em Olinda e Recife (proibido pela Justiça há alguns anos). Para coibir a prática, o ato antes interpretado como atentado ao pudor passou a ser tipificado como estupro desde 2009.

Se aos olhos do turista o carnaval pernambucano encanta justamente por ser inclusivo, sem a rigorosidade dos cordões de isolamento e abadás baianos (por ora, vamos ignoras os gigantescos camarotes reservados aos mais abonados), engana-se quem acredita na convivência pacífica e respeitosa com homossexuais, pessoas com deficiência, obesas, pobres, negras. Sim, na teoria, a folia cria uma espaço para brincar todo mundo junto e misturado, mas não sem o ônus dos atritos, segregações e da violência simbólica. Na tentativa de tornar o carnaval de rua um ambiente mais acolhedor, organizações e grupos de pessoas comuns tem se unido para criar blocos com ideias contrárias ao preconceito.

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