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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Todo poder ao professor

A maior pesquisa já feita em Educação mostra que nada faz mais diferença na vida profissional de alguém que um bom professor. A boa notícia é que há um caminho claro para formá-los. A má é que, no Brasil, ainda estamos longe de tomar essa direção
TÃO IMPORTANTE QUANTO O ALUNO: Aula numa escola na Finlândia. Por lá, o professor é o principal investimento do país em Educação (Foto: OLIVIER MORIN/AFP)
De ÉPOCA
charlesnasci@yahoo.com.br

Esqueça os computadores e tablets, os laboratórios bem equipados, o nível socioeconômico do aluno, mais horas de aula e métodos inovadores de ensino. Nada, absolutamente nada, é mais importante para o desenvolvimento de uma criança – e consequentemente na vida profissional de um adulto – do que ter um bom professor. Ninguém nunca questionou o valor dos professores. A novidade é que a maior pesquisa já feita em Educação comprovou que ter um bom professor não só é importante para a educação do aluno, como esse é o fator de maior influência no aprendizado, em qualquer lugar do mundo, independentemente do método de ensino ou da idade da criança.

A cada ano de aula com um bom professor, as crianças aprendem o equivalente a um ano e meio a mais de estudo na comparação com alunos que têm professores apenas medianos. Os estudantes de um professor ruim, por sua vez, aprendem metade ou menos do que deveriam em um ano. O impacto dos bons professores ecoa por toda a vida adulta dos estudantes. Eles têm mais chances de cursar uma faculdade, de ter um bom emprego, de levar uma vida mais saudável e de contar com rendimentos maiores ao longo da vida.

Para chegar a essas conclusões, o professor neozelandês John Hattie, diretor do Instituto de Pesquisas em Educação da Universidade de Melbourne, na Austrália, fez uma meta-análise: cruzou informações de 65 mil grandes estudos realizados nos centros de pesquisa mais conceituados do mundo. Essa é a maior análise de dados já feita na área de Educação em toda a história acadêmica. As informações coletadas ao longo de mais de 20 anos permitiram aferir também uma análise de custo e eficácia de cada um dos fatores que podem ter impacto na Educação. Nessa relação, os professores também dão um banho na comparação com todos os outros fatores. O investimento em professores é mais eficaz e também mais barato do que uma série de outras medidas.

Diminuir o número de alunos por sala de aula custa cinco vezes mais do que formar e manter um bom professor e dá quatro vezes menos retorno. Reforçar o ensino com aulas complementares fora do horário-padrão exige o dobro do investimento e é cinco vezes menos eficiente. A melhoria das instalações da escola também custa o dobro do valor do bom professor e é nove vezes menos eficaz. "Com esses dados em mãos, nenhum país que realmente se importe com Educação pode se negar a investir na profissão", disse John Hattie a ÉPOCA.

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