A professora Egmar Santos (com o microfone), representante casinhense na área de educação da comissão municipal do Selo Unicef e coordenadora do grupo cultural Afro Pérola Negra, participou do mais recente encontro promovido este mês pelo programa na cidade de Caruaru (Fotos: Internet/Divulgação)
DO SITE SELO UNICEF
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Nos dias 14 e 15 de julho, o auditório da Associação Comercial de Caruaru tornou-se um grande espaço de troca de experiências e desafios. Embora as reuniões promovidas pelo programa Selo UNICEF Município Aprovado pareçam ser exclusivamente realizadas pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância, quem movimenta e faz acontecer os eventos são as colocações e projetos que cada município realiza e compartilha. E dificilmente será diferente. Nas duas manhãs em que representantes de mais de 40 municípios se encontraram, foram as histórias que aconteciam bem distantes daquela sala que chamaram a atenção.
Os dias, dedicados aos Pólos 2 e 3 de Pernambuco, começaram com apresentação do vídeo da campanha "Por uma infância e adolescência sem racismo". Rapidamente, a discussão foi aberta para que os presentes apresentassem suas ações no combate ao racismo e à discriminação. Do grupo de valorização da cultura Pérola Negra, em Casinhas, passando pelo maracatu em Correntes e as aulas de capoeira na cidade Bezerros, as ações de valorização da diversidade étnico-racial não são poucas, mas devem ser ainda mais, atingindo esferas muito além da cultura.
Para Mário dos Santos, representante da comunidade Quilombola de Estivas, em Garanhuns, a partilha é válida e merece ser ampliada. “Discutir racismo envolve sobretudo discutir no município e em todas as instâncias o acesso real à justiça social e às políticas públicas para todos, sejam os cidadãos diferentes ou iguais”, completa.
Os presentes constataram o que tanto vêem e sentem: a discriminação no Brasil é um fato real e, assim como o ser negro ou índio também ultrapassa a cor da pele, a injustiça social consegue ir além. Para todos, quilombolas, índios, ciganos, ribeirinhos, moradores da zona rural, meninos e meninas de classes pobres e até a recente população de origem coreana em Toritama, pólo têxtil pernambucano, devem ter os mesmos direitos e acessos que as chamadas maiorias, cada vez mais em menor número.
Para isso, portanto, é preciso que existam discussões e ações sobre assunto nas escolas e secretarias de educação mas também junto aos gestores públicos, meios de comunicação e famílias. As ações precisam ultrapassar as palavras e adentrar nesses muitos espaços ainda não alcançados. Os representantes dos municípios já se comprometeram a continuar o trabalho, caberá a eles apresentar os avanços para seus próprios conterrâneos, durante o segundo Fórum Comunitário a ser realizado nos primeiros meses de 2012. Pouco tempo para resolver todos os problemas, tempo suficiente para muito se fazer.
Lucas Cardim/Via Design/Especial para Selo UNICEF