Economia frágil desafia gestão de Raquel Lyra em Pernambuco

Do VALOR ECONÔMICO - Marina Falcão
charlesnasci@yahoo.com.br

A ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra (PSDB) assumiu o comando de Pernambuco sob grande expectativa, por parte do seu partido, de fazer uma gestão modelo com projeção nacional. Para tanto, a nova governadora precisará dar fôlego à atividade econômica local, que se recupera em ritmo bastante inferior à média do Brasil no pós-pandemia. Na área fiscal, Lyra encontrará um Estado que paga os salários em dia, mas não consegue alavancar investimentos. 

Segundo a vice-governadora, Priscila Krause (Cidadania), Pernambuco tem R$ 1,8 bilhão em obras contratadas para 2023 e apenas R$ 322 milhões reservados no orçamento para tanto. A maioria dos contratos sem lastro são do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e muitos deles foram firmados a despeito da perda de arrecadação com ICMS dos combustíveis. "É uma preocupação muito grande o quadro que nos deparamos agora", disse Krause.

O agora ex-governador do Estado, Paulo Câmara (PSB), que recebeu o governo em 2015 das mãos do pai de Raquel, João Lyra Neto, afirmou que as declarações de Krause demonstram "desconhecimento da matéria financeira" e que ela "optou por fazer uma leitura pontual e desconectada da realidade". Ele afirmou que vai deixar o Estado com R$ 3 bilhões em caixa e R$ 3,4 bilhões em operações de crédito com aval da União.

Segundo Krause, a nova gestão deve partir imediatamente para captar novos empréstimos com o governo federal, bancos e entidades internacionais. Ajudará o fato de Pernambuco ter conseguido melhorar sua nota de crédito de Capag (capacidade de pagamento) de C para B em função da injeção de recursos federais para combate à pandemia, algo que beneficiou os Estados de forma geral.

Uma mudança mais sustentável do quadro, no entanto, passa necessariamente pela recuperação da atividade econômica local e o consequente aumento da arrecadação. No auge da pandemia (2020), o baque econômico do Estado de Pernambuco foi maior que o nacional, com recuo de 4,1% do PIB, contra queda de 3,3% do país. Em 2021, o Brasil começou a se recuperar e cresceu 5%, mas Pernambuco avançou apenas 2,2%. Para este ano, a previsão é de outra performance abaixo da média: o PIB estadual deve subir em torno de 0,9%, enquanto o nacional pode avançar 3,1%.

Continue lendo clicando aqui.