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quarta-feira, 9 de março de 2016

Morre Naná Vasconcelos, ícone da percussão brasileira

Músico morreu na manhã desta quarta-feira, 9, em decorrência de um câncer no pulmão
Naná Vasconcelos, ganhador de oito Grammys (Foto: Cido Marques)
Naná Vasconcelos, ganhador de oito Grammys (Foto: Cido Marques)
De ÉPOCA
charlesnasci@yahoo.com.br

Morreu na manhã desta quarta-feira, 9, o percussionista recifense Juvenal de Holanda Vasconcelos, o Naná Vasconcelos, 71 anos. Ele estava com câncer de pulmão desde 2015 e foi internado no último sábado, 5, em um hospital de Recife. Ganhador de oito Grammys e considerado um dos maiores percussionistas do mundo, o músico participou da concepção musical da animação O Menino e o Mundo, único filme brasileiro a concorrer ao Oscar este ano. Em setembro, ele divulgou uma mensagem em seu perfil no Facebook para agradecer aos amigos e fãs que o apoiaram nas primeiras fases de quimioterapia e radioterapia. 

"Estou com a cabeça plena de vida/ O pensamento cheio de músicas/ Mântricas, místicas/ Popular, erudita/ E uma imensa corrente/ De miscigenação, de fé/ Que vem de diferentes ramificações religiosas/ Do bem, para o bem/ Amém/ Amei", ele recita. Na trajetória de Naná Vasconcelos estão discos com Milton Nascimento e atuação como percussionista ao lado de nomes como B. B. King, David Byrne, Egberto Gismonti e Jon Hassell. No fim dos anos 1960, ele também participou Quarteto Livre, que acompanhou Geraldo Vandré no III Festival Internacional da Canção. Ele também integrou o grupo de jazz Codona, formado no Estados Unidos.

No dia 9 de dezembro de 2015, Naná Vasconcelos recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Além da colegção de Grammys, Naná ganhou, por oito anos consecutivos o prêmio de Melhor Percussionista do Ano da revista Down Beat. "Naná Vasconcelos nos ensinou a ouvir o Brasil. Nos trouxe de volta um país profundo, refugiado em nossas memórias de infância. Toda a sua obra como artista está impregnada de referências que são parte essencial do nosso modo de ser e de sentir", escreveu o ministro da Cultura, Juca Ferreira em nota. Ele acrescenta que Naná é um dos maiores do mundo na percussão e que "sua música é a música da voz, do corpo e dos inúmeros instrumentos que dominou com tanta perfeição".