De O PODER - Zé da Flauta
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Dizem que o pernambucano sofre de megalomania, mas isso é intriga da oposição, geralmente feita por quem nasceu depois da curva do São Francisco. Se o mundo foi criado em sete dias, Pernambuco deve ter sido fundado no oitavo, com um dedo a mais de capricho. Aqui o Capibaribe não encontra o Beberibe: eles conspiram juntos para formar o Oceano Atlântico, como quem junta forças para parir a história. Foi aqui que se ergueu o primeiro engenho de açúcar, que adoçou o mundo e também nossos egos. Não à toa, o nosso sotaque não tem tom de voz, tem timbre de resistência.
OUTRO PLANETA
Somos, sim, pioneiros até no exagero. O primeiro teatro de luxo das Américas? Santa Isabel, claro. O primeiro jornal da América Latina? Diario de Pernambuco, evidente. A primeira rádio? PRA-8, sintonizada direto no coração da cultura. A primeira orquestra sinfônica do Brasil afinou aqui, e se ouvia de Olinda até o Recife Antigo. Tivemos também o primeiro observatório astronômico das Américas, porque olhar pro céu sempre foi da nossa natureza, afinal, desde o início, sabíamos que Pernambuco é coisa de outro planeta.
MARACATUS
Recife foi a primeira cidade cartografada do Novo Mundo porque precisavam entender onde raios estava esse lugar tão avançado. E foi aqui que nasceu a primeira faculdade de direito do Brasil, onde se discutia república antes da república existir. Tivemos revoluções antes de serem moda, enfrentamos impérios e fomos a única província que ousou ser um país. Fomos o único lugar que levou Deus a um tribunal, num evento que chamou a atenção de todo o mundo para a cidade de Surubim. Até os maracatus daqui saem às ruas como se estivessem marchando, é uma pompa de fazer inveja a qualquer monarquia.
ORGULHO
A verdade, meus amigos, é que nos chamam de megalomaníacos porque não conseguem ser como a gente. Pernambuco não é só um estado; é um estado de espírito, de criação, de resistência e de invenção. Aqui, quando não somos os primeiros, somos os melhores. E se ainda não inventamos alguma coisa, é porque estamos esperando o momento certo para surpreender de novo. Pode parecer exagero, mas é só orgulho, um orgulho que brilha mais que a estrela da nossa bandeira. E se isso incomoda, meu bem… é porque funciona.