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terça-feira, 11 de março de 2025

Por que a nova medida do governo não deve reduzir o preço dos alimentos

Isenção de impostos de importação para alimentos essenciais é vista com cetiscismo por economistas e associações de produtores

De O ANTAGONISTA
charlesnasci@yahoo.com.br

O governo Lula anunciou na quinta-feira, 6 de março, a isenção de impostos de importação para nove grupos de alimentos considerados essenciais: café, azeite, açúcar, milho, óleo de girassol, sardinha, biscoitos, macarrão e carnes.A medida, no entanto, é vista com cetiscismo por economistas e associações de produtores.

Conforme levantamento realizado pelo
Poder 360, com base nos dados fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, de Geraldo Alckmin, os produtos com a alíquota zerada representam apenas 1% do que o Brasil importou em 2024. O açúcar, por exemplo, representa apenas 0,04% do total importado pelo Brasil em 2024; a carne bovina, só 0,02%; e o café, 0,003%.

Pesa o fato de que Brasil está entre os maiores produtores dos itens com impostos zerados. Além disso, formar estoques reguladores poderia elevar ainda mais preços.

"INÓCUA"

Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Paulo Bertolini, a medida será "inócua". "É uma sinalização de que o governo não sabe o que faz, não sabe dos efeitos do que está fazendo e sinaliza uma intervenção no mercado", acrescentou Bertolini à
Folha de S.Paulo.

Ao jornal, ele explicou que os preços do milho, produto cujo Brasil é o terceiro maior produtor e o segundo maior exportador, estão em alta no mundo inteiro. Além disso, é comum que o valor do grão suba no período de entressafra, que ocorre durante os primeiros meses do ano no Centro-Oeste.

"UM PROBLEMA DO MUNDO"

O cenário de preços altos no mercado internacional se repete no caso do café. "Não vejo nessa medida nenhuma solução para diminuir os valores, para reduzir os valores no mercado interno, até porque o preço de café não é um problema do Brasil, é um problema do mundo", disse o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Aguinaldo Lima.