"Luís Aprígio é um mestre em sua arte e um dos maiores desenhistas de Pernambuco"

Luís Aprígio dos Anjos (Foto: Blog do PC Cavalcanti)

Da redação
charlesnasci@yahoo.com.br

Em companhia do amigo e companheiro cultural de todas as horas, Klebson Oliveira, fui apreciar bem de perto os traços e detalhes de uma belíssima exposição promovida entre os meses de agosto e setembro deste ano pelo Sesc Ler de Surubim apresentando ao público local uma série de desenhos do nosso queridíssimo Luís Aprígio dos Anjos, que vive me deleitando com a sua arte e os seus ensinamentos.

Para que vocês tenham uma ideia da singularidade, do perfeccionismo e da beleza da obra do desenhista Luís Aprígio, faço questão de contar o que ele ouviu da boca do escritor Ariano Suassuna por ocasião de uma exposição ocorrida há muitos anos atrás, no Recife, quando o mestre, todo embevecido depois de dar uma espiada nos seus desenhos, disse: "Se eu desenha-se igual a você eu não dava um bom-dia a ninguém!".

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Bem, outro grande amigo de Luís Aprígio, o editor-chefe do Correio do Agreste, Fernando Guerra (ele também outro grande artista plástico premiado em vários salões de arte pelo país afora), fez uma crítica muito interessante sobre a arte de Aprígio que foi publicada numa das mais recentes edições do periódico. E que eu faço questão de reproduzi-la agora aqui no Blog:

"Luís Aprígio dos Anjos apresenta ao público, nesta exposição organizada pelo Sesc Ler, uma série de desenhos elaborados em bico-de-pena e aguada. São paisagens colhidas dentro de uma concepção onde se aninham, em completa harmonia, desde as gramíneas com as suas sutilezas e fragilidades até as compactas rochas graníticas que emergem descomunais em nosso solo e atravessam séculos incontáveis.

Ele envereda por uma temática muito familiar aos que nasceram e cresceram regidos pelo signo do sol, com seus verões prolongados e suas secas. São flagrantes de vida nos campos do Cariri, talvez dos sertões, tão próximos, tão familiares. Toca-lhe mais profundamente a nossa vegetação manifesta no estio, quando os galhos de nossas plantas se contrapõem às folhagens, às florações que chegam à exuberância durante as estações chuvosas. Importa-lhe a dramaticidade dos nossos campos durante a aridez climática.

Mas, a arte tem capacidade mágica de colher beleza onde há razões de sobra para sobressair-se a desesperança com seu toque de tristeza infinda. Entretanto, Luís Aprígio descobre a alma da nossa vegetação arbustiva, dos nossos capins efêmeros em contraponto com as sólidas formações graníticas ou com alguma árvore portentosa, dessas que vencem o tempo e, como os nossos homens do campo, estão ali incólumes desafiando as intempéries. Com isso, atinge a plasticidade dentro da dramaticidade, um dos momentos mais significantes da elaboração artística que ele faz com maestria.

Seu domínio técnico é evidente, certamente um dos melhores desenhistas pernambucanos. Discorre sobre a temática escolhida com o conhecimento assentado no exercício de seu trabalho, com exímia habilidade. Na paisagem agreste busca a presença humana sem, contudo, flagrá-la em atividade, como entre palmáceas já cortadas para o alimento bovino ou pelos caminhos apenas sugeridos. Pelo menos três, dentre os desenhos apresentados, acercam-se dessas imagens.

No entanto, sob o nosso ponto de vista, não conseguem traduzir sua plenitude da mesma forma que o faz no transcendente movimento captado na sua crucialidade, no instantâneo mais forte da natureza que nos é tão próxima, a caatinga, quando a força solar lhe deixa as marcas de sua identidade mais evidente. Embora possamos perceber certa distância dos movimentos da arte contemporânea, os desenhos dessa mostra revelam um mestre do desenho circulando livremente desde o bico-de-pena às aguadas inigualáveis".

Clique aqui e confira, no Blog do PC Cavalcanti, flashes do sucesso que também foi a abertura da exposição de Luís Aprígio agora no Sesc da cidade de Arcoverde, no Agreste, onde fica até o próximo dia 10 de dezembro.