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terça-feira, 11 de agosto de 2015

CASINHAS E EDUARDO I Nascimento de um novo futuro: Mãe Coruja mudou a realidade de diversas mulheres durante e depois da gravidez

Luclécia Maria, 17 anos, moradora do sítio São Domingos, em Casinhas, com a filha de seis meses, Emile (Foto: Rafael Martins/Diario de PE)

Do Diario de Pernambuco (Thiago Neuenschwander)
charlesnasci@yahoo.com.br

As histórias de Luclécia Maria Ferreira da Silva, 17 anos, Simone Maria da Silva, 27, e Silvana Alves Pinheiros, 30, todas moradoras do sítio São Domingos, localizado no município de Casinhas, no Agreste do estado, são a prova de que boas ideias e dedicação podem transformar vidas. As três mulheres enfrentaram o mesmo problema logo após darem à luz um filho: a depressão pós-parto. Em um local tão distante dos grandes centros, certamente sofreriam para vencê-la, não fosse o auxílio de pessoas que trabalham para facilitar a vida dessas gestantes.

Ainda durante a gravidez, as três foram cadastradas no Programa Mãe Coruja, iniciativa idealizada no início do primeiro governo Eduardo Campos pela então primeira-dama Renata Campos. O projeto consiste no acompanhamento das mães durante a gestação e também no pós-parto, até que a criança complete 5 anos. Luclécia, a mais nova, mãe de Emile, de apenas 8 meses, conta que a ajuda das monitoras foi essencial para vencer o problema. "Assim que ela nasceu, fiquei muito assustada. Ela começou a ficar roxa, engoliu resto de parto. Fiquei com medo de tocar nela, de machucá-la. Foi nessa hora que elas me ajudaram mais", conta.

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Desesperada e sem saber como cuidaria da criança, teve o auxílio de Carmem e Cecília, monitoras do programa na cidade. "Fiquei nove dias sem vê-la, mas durante todo o tempo elas me incentivaram e me tranquilizaram. Só depois de nove dias que fui ter o primeiro contato com a minha filha. Elas me ajudaram a vencer a depressão. hoje tenho todo o apoio que preciso no programa. Elas nos ensinam tudo sobre amamentação e alimentação do bebê. Também é uma chance de trocarmos experiências com as outras mães", diz Luclécia.
Silvana Alves Pinheiro procurou tratamento psicológico durante a gravidez (Foto: Rafael Martins/Diario de PE)
SEMELHANÇAS - Simone e Silvana tiveram histórias parecidas. A primeira conta que chorava muito nos primeiros dias após o parto e conseguiu se recuperar com o auxílio do tratamento psicológico oferecido. Já Silvana entrou no Mãe Coruja para evitar que o problema, ocorrido na primeira gravidez há nove anos, voltasse a ocorrer. "Quando tive meu primeiro filho, não conseguia tocar nele. Cheguei a pensar em dar o garoto. Minha família me espiava, achando que eu ia fazer algum mal a ele. Quando engravidei da minha segunda filha, tive o auxílio das pessoas do programa e graças a Deus tudo deu certo", relembra.

O programa, que hoje tem 141.304 mães cadastradas e 79.507 crianças acompanhadas em 105 municípios, é um dos grandes responsáveis pela queda da mortalidade infantil registrada nos últimos anos em Pernambuco. Em 2006, segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa em Pernambuco chegava a 22,1 por 100 mil habitantes. Em 2013, esse índice havia decrescido para 16 por 100 mil, de acordo com dados do programa. O sucesso da empreitada rendeu dois prêmios internacionais. O primeiro deles oferecido pela Organização das Nações Unidas, em 2014, na Coreia do Sul. Este ano, o Mãe Coruja voltou a ser laureado. Desta vez pela Organização do Estados Americanos (OEA).
Imagem: Diario de PE/Reprodução