Processo de tombamento da casa do maior compositor de frevo do País se arrasta há quase três anos. Enquanto não se resolve, imóvel sofre com descaso e falta de manutenção
Foto: Yacy Ribeiro/Divulgação |
Do JORNAL DO COMMERCIO - Ciara Carvalho
charlesnasci@yahoo.com.br
Um processo que já dura quase três anos. E, enquanto se arrasta, o abandono toma conta. Em outubro de 2017, a Secretaria de Cultura de Pernambuco acatou o pedido de tombamento da casa onde o compositor Lourenço da Fonseca Barbosa, mais conhecido como Capiba, viveu por 40 anos. Houve a desapropriação, mas quem passa pela Rua Barão de Itamaracá, no bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife, se impressiona com a situação do imóvel. À noite, o local vira ponto para usuários de drogas, parte do telhado está destruído, paredes foram tomadas pelo cupim. Na entrada da casa, lixo espalhado e um tapume de madeira precisou ser reforçado após mais um arrombamento.
A residência foi construída em 1948 pelo compositor. Havia sido colocada à venda pela família, quando o Governo do Estado decidiu desapropriá-la e iniciou o processo de tombamento. Na época, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) emitiu um parecer definindo a edificação como uma casa simples e bem construída. Três meses após o início do processo, a casa foi arrombada, em janeiro de 2018. Outras invasões se repetiram. A última ocorreu no dia 28 do mês passado. Há informações de que os ladrões já levaram pia, vaso sanitário, tudo o que conseguiram arrancar.
Foto: Yacy Ribeiro/Divulgação |
Para a vizinhança, o descaso com a preservação da história do compositor tem trazido uma preocupação a mais. Virou motivo de insegurança. O imóvel está localizado entre dois prédios. Um deles já foi alvo de invasão por pessoas que usam o jardim erguido em frente à casa para usar drogas. Sem manutenção, o mato cresce e deixa o local ainda mais vulnerável.
"Tivemos que instalar uma cerca elétrica para evitar novas invasões. É uma falta de respeito imensa. Não só com a casa que está se acabando, mas com todos da vizinhança. Porque esse abandono traz também doença, gera focos do mosquito Aedes Aegypti. A gente já teve orgulho de dizer que era vizinho da casa de Capiba, mas depois que o imóvel foi para as mãos do Estado está nessa situação", afirma Ana Cristina Lins, síndica de um dos edifícios vizinhos à casa. No mês passado, moradores flagraram o desperdício de água por dias seguidos de um cano localizado nos fundos da casa. O transtorno é tão grande que os vizinhos resolveram fazer um ofício pedindo providências à Secretaria de Administração, que está à frente do processo de tombamento da residência.
"Tivemos que instalar uma cerca elétrica para evitar novas invasões. É uma falta de respeito imensa. Não só com a casa que está se acabando, mas com todos da vizinhança. Porque esse abandono traz também doença, gera focos do mosquito Aedes Aegypti. A gente já teve orgulho de dizer que era vizinho da casa de Capiba, mas depois que o imóvel foi para as mãos do Estado está nessa situação", afirma Ana Cristina Lins, síndica de um dos edifícios vizinhos à casa. No mês passado, moradores flagraram o desperdício de água por dias seguidos de um cano localizado nos fundos da casa. O transtorno é tão grande que os vizinhos resolveram fazer um ofício pedindo providências à Secretaria de Administração, que está à frente do processo de tombamento da residência.
No comunicado, os moradores apontam a falta de manutenção, afirmando que no local há presença de ratos, timbus, cobras e outros animais que ultrapassam os limites do terreno e invadem as áreas dos prédios, gerando risco à saúde dos moradores. "Desde que a casa foi desapropriada, estamos enfrentando essa situação. Já pedimos várias providências, inclusive nas vezes em que o imóvel foi alvo de arrombamentos. Nem a limpeza da fachada podemos fazer por se tratar de propriedade do Estado", explica a síndica do outro prédio vizinho, Micheliny Freitas Pessoa.
VIÚVA LAMENTA
Morando em Surubim, a viúva do compositor, Zezita Barbosa, lamentou o estado de abandono em que se encontra o imóvel onde morou durante décadas. "Eles desapropriaram minha casa do dia para a noite. Para que? Para ficar desse jeito? Se acabando a olhos vistos. Agora é só mais uma casa desapropriada e abandonada. Só isso", criticou. Ela cobrou a conclusão do processo de tombamento, etapa fundamental para permitir a recuperação do imóvel.
Foto: Divulgação/Reprodução |
"Eu fico revoltada com a falta de cuidado. Uma casa com tanta história. Sempre foi a morada de Capiba, Vão terminar derrubando", disse a viúva.
Continue lendo clicando aqui.