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quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Ponta do iceberg: operação da Polícia Federal revela podridão na saúde em PE


Do JORNAL O PODER
charlesnasci@yahoo.com.br

Todo mundo medianamente informado em Pernambuco, já sabia: a estrutura da saúde do Estado vinha sendo controlada por uma organização criminosa, que parte de uma instituição séria e respeitável (IMIP) e estende seus tentáculos para muito além do desvio de recursos destinados à gestão hospitalar. Investigados manobram não apenas "Organizações Sociais" fraudulentas como estruturas financeiras para lavagem e aplicação desses e de outros recursos, em sua maioria de origens espúrias. Depois tem inocentes que se espantam porque a governadora eleita de Pernambuco ignorou certas "indicações ilibadas" que determinados aliados fizeram para compor o governo.

AOS FATOS

A Polícia Federal (PF) deflagrou ontem (24.01) a Operação Clã, com o objetivo de combater crimes de desvio de recursos da saúde em Pernambuco. As suspeitas de irregularidades abrangem a execução de contratos de gestão celebrados entre a secretaria de saúde estadual e uma "organização social" suspeita.

"Os supostos crimes estariam ligados com a contratação direcionada de prestadores, execução fictícia de serviços, no superfaturamento dos valores pagos e na ocultação dos valores desviados. Essas ocorrências contaram com o engajamento tanto de gestores da fundação como dos empresários de empresas terceirizadas, os quais possuem vínculos familiares/sociais com o grupo", informou a PF.

BUSCAS

Dezessete mandados de busca e apreensão foram sendo cumpridos por 80 policiais federais e sete auditores da Controladoria Geral da União (CGU) nos municípios pernambucanos de Recife, Olinda e Paulista e em Aracaju (SE). As diligências buscam "documentos, relatórios, notas fiscais e outros elementos probatórios" que possam ajudar na comprovação das práticas criminosas. Segundo os investigadores, duas pessoas envolvidas serão afastadas de suas funções.

MECANISMO CRIMINOSO

"Essa organização social é responsável por celebrar contratos com o Governo do Estado para gerir hospitais e UPAs importantes. As irregularidades identificadas não são referentes à prestação em si dos serviços de saúde dos hospitais administrados pelo grupo, mas de serviços terceirizados de atividades meio, como limpeza hospitalar, fornecimento de comida, dentre outros", detalhou em nota a PF.

Segundo os investigadores, em apenas um contrato – envolvendo a organização social de saúde e uma das empresas investigadas – os valores superam R$ 89 milhões. "Mesmo não sendo uma instituição pública, a organização social em questão se compromete a cumprir várias leis e normativos quando passa a fazer convênios com o estado, pois recebe verba pública para a prestação dos serviços", informa a PF.

CRIMES INVESTIGADOS

Entre os crimes que estão sendo investigados estão os de peculato; organização criminosa; sonegação fiscal; e lavagem de capitais. As penas podem ultrapassar 30 anos de reclusão. De acordo com a PF, o nome dado à operação (Clã) se deve ao fato de os alvos fazerem parte de um grupo familiar que é responsável pela gerência das empresas ligadas à organização social investigada.

DENUNCIAMOS

As falcatruas que compunham o DNA do governo derrotado nas urnas foi várias vezes denunciadas aqui, no Jornal O PODER. A governadora Raquel Lyra saberá lidar com a situação. Corretamente, vai aguardar a apuração das irregularidades, também denunciadas por ela e sua vice, Priscila Krause, antes e durante a campanha. Não se espere da governadora nada açodado. Todas as providências, já previstas e estudadas, serão adotadas no tempo certo, com o devido respeito à lei.