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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Para refletir: Brasil, profissão político

DO DIARIO DE PERNAMBUCO (Opinião, por Halmiton Felix Nobrega) - 05 DE JANEIRO DE 2011


charlesnasci@yahoo.com.br


Há anos me questiono qual o motivo que leva cidadãos comuns a desejarem atuar em um cargo político. Sempre acreditei tratar-se de uma escolha pessoal a serviço do país. Mas, o que vemos são comportamentos e atitudes desrespeitosos e anti-éticos, de pessoas que ao invés de buscarem agir em benefício de todos, lutam apenas em favor de seus próprios interesses. E o mais absurdo é que indivíduos despreparados se candidatam como se estivessem participando de um concurso qualquer. 


Na verdade, o que a política deveria alcançar pela ação dos políticos, em cada situação, deveriam ser as prioridades do grupo maior, nesse caso a sociedade. A atividade política só se justifica se o político tiver espírito republicano, ou seja, se suas ações forem dirigidas para o bem público, que não é fácil definir, mas que é preciso sempre buscar.


Ocorre que o que vemos atualmente é uma crise política sem fim e sem precedentes, que sugere algumas reflexões sobre o problema da ética na política. Quem a exerce deve assumir responsabilidades só compatíveis com grandes qualidades morais e de competência. Infelizmente vemos alguns indivíduos que tratam a política como profissão e forma de ascenção financeira e profissional, sem nenhuma competência sequer administrativa. Em casos mais bizarros, ex-cantores, ex-atores, ex-comediantes, dentre outros.

A meu ver, estar em cargo político não pode ser encarado como profissão, por tratar-se de uma atividade pública e transitória. Se assim fosse, exigiriam-se todas as qualificações necessárias ao exercício da função. Outro ponto importante é a questão salarial. A maior parte desses representantes da sociedade são, na verdade, representantes de si mesmos, pois buscam privilégios, além de enriquecer ou aumentar seus patrimônios com o dinheiro público, criando ou ajustando leis que elevam seus próprios salários. E o pior, em valores totalmente fora da realidade econômica do país.

Na verdade, eu acreditei que para ser político era preciso ser uma pessoa ética, com valores morais e sociais, que buscasse os interesses da sociedade em detrimento dos seus próprios, que elaborasse leis que pudesse de alguma forma transformar a sociedade, mas sim, criasse oportunidades, através de leis mais justas, que buscassem a igualdade social. Que não desse o peixe, mas que ensinasse e criasse oportunidades para pescá-los. 



Mas, apesar da importância deste assunto, são poucos os interessados, pois, a maioria foge do tema, sem saber que, agindo dessa forma, acabam fortalecendo ainda mais a corrupção e os livres desatinos que vemos sendo praticados constantemente em nosso país, principalmente por indivíduos que acreditam que ser político e ter uma profissão. Esses são carreiristas. E vão sempre estar ao seu próprio favor. Parafraseando Arnold Toynbee, o maior castigo para aqueles que não se interessam por políticas, é que serão governados por aqueles que se interessam.