A seleção de uma história baseada no Carnaval da cidade pelo "Revelando os Brasis" rendeu, além da realização de um vídeo, uma nova aproximação de Casinhas com o Rio. Percorrendo durante duas semanas os corredores do Canal Futura, este blogueiro conheceu, entre outros, Luís Nachbin (foto), apresentador do programa "Passagem para..." (Foto: Ratão Diniz/Divulgação)
DA REDAÇÃO DO +CASINHAS.COM
charlesnasci@yahoo.com.br
Não foi apenas a participação de Casinhas no Carnaval carioca, em 2002 - quando uma comitiva formada por 45 foliões do município desfilou na maior passarela carnavalesca do planeta -, o único episódio que nos aproximou um pouco mais da “Cidade Maravilhosa”.
Como uma coisa puxa a outra, em 2008 este humilde blogueiro que vos escreve teve um argumento selecionado pelo projeto Revelando os Brasis, que transforma “causos” de pequenas cidades do país em vídeos de curta duração.
Como uma coisa puxa a outra, em 2008 este humilde blogueiro que vos escreve teve um argumento selecionado pelo projeto Revelando os Brasis, que transforma “causos” de pequenas cidades do país em vídeos de curta duração.
E foi a adaptação livre de um conto carnavalesco escrito pelo casinhense Dídimo Gonçalves Guerra na década de 50 – no roteiro, eu decidi que a história seria ambientada justamente no ano em que desfilamos na Marquês de Sapucaí – um dos projetos que mais chamaram a atenção do júri do concurso. Passarelas – Uma História de Carnaval foi uma das 40 histórias de todo o país, selecionadas entre mais de 800 inscritas, escolhidas para virar filme.
E eu, na primeira etapa do projeto, viajei até o Rio, onde participei de oficinas de cinema no Canal Futura e tive o prazer de ficar instalado durante duas semanas num hotel de frente pro Mar de Copacabana. Veja como o Diario de Pernambuco noticiou o fato, no Caderno Viver, numa reportagem especial de domingo (3 de agosto de 2008) assinada pelo talentoso jornalista e crítico de cinema André Dib:
"João Grilo" aponta Casinhas no mapa
Próxima à fronteira da Paraíba, no agreste setentrional pernambucano, Casinhas teve sua história iniciada em 1891. Naquela época casas de palha foram construídas para receber tropeiros, o que deu início a um povoado, anexado posteriormente pela cidade vizinha de Surubim, e emancipado em 1995, quando atingiu a marca de 13 mil habitantes.
O fato mais marcante da cultura de lá se deu em 2002, quando uma comitiva de 45 pessoas desfilou na Sapucaí entre mais de três mil passistas da escola de samba Império Serrano, que naquele ano homenageou a obra de Ariano Suassuna.
Tudo começou por iniciativa de Walter Borges, atuante agitador cultural da cidade. Em 1998, ele conseguiu trazer para Casinhas a aula-espetáculo de Ariano, dando início à relação afetiva entre o mestre escritor e a cidade, que se almeja a “Taperoá pernambucana”. Anos depois, por ocasião da homenagem do carnaval carioca, a Câmara de Vereadores de Casinhas concedeu a Ariano o título de cidadão honorário, que no ano seguinte convidou os casinhenses para participar do desfile no Rio de Janeiro.
Esta história fará parte do vídeo Passarelas – Uma História de Carnaval, um dos 40 roteiros selecionados pelo projeto Revelando os Brasis em cidades com menos de 20 mil habitantes. Para realizá-lo, o diretor Charles Nascimento adotou a linguagem de ficção, que dramatiza um episódio vivido pelo menino Dídimo Gonçalves Guerra, no carnaval de 1905, e publicado em crônica escrita por Guerra nos idos dos anos 1950.
A produção de Passarelas – Uma História de Carnaval começa esta semana, mas o período mais importante do calendário de Casinhas certamente será o mês de novembro. Não somente porque seus moradores poderão assistir no telão o vídeo de Charles, mas principalmente pela volta de Ariano ao local, desta vez como cidadão casinhense, para apresentar o espetáculo Nau.
A expectativa em torno da terceira visita do professor só é superada por outra: a chegada do pianista Artur Moreira Lima, que se apresentará gratuitamente na cidade. Mais uma vez graças à iniciativa de Walter, cuja personalidade, coincidência ou não, guarda certa semelhança com o personagem João Grilo.
Cidade mobilizada para filmar o primeiro curta
Passarelas – Uma História de Carnaval, provavelmente será o primeiro filme feito em Casinhas. A filmagem, que começa em menos de uma semana, promete mobilizar toda a pacata cidade. Não somente pelo casting de moradores – que conta com seis atores e cerca de 50 figurantes, mas principalmente porque promoverá um carnaval fora de época para dramatizar a história de Dido (interpretado por Artur Santos, o “Tuca”, de apenas 10 anos de idade).
Para contar essa aventura, o diretor Charles Nascimento conta com um roteiro bem amarrado, desenvolvido durante uma oficina de duas semanas promovida no Rio de Janeiro pelo projeto Revelando os Brasis. Sua idéia é trazer uma história passada em 1905 para o ano em que Casinhas brilhou na passarela do samba carioca com Ariano Suassuna.
Nela, o menino Dido segue um bloco carnavalesco, até que, encantado pelo cortejo, se perde entre os foliões. Quando passa na frente da igreja, Dido pede à santa para protegê-lo da ira do pai. Quando volta pra casa, nada de castigo: Casinhas está em rede nacional, desfilando com o mestre Suassuna.
Charles conversou com a reportagem do Diario completamente tomado pela empolgação de realizar o primeiro curta e demonstrando conhecimento técnico e paixão pelo ofício necessárias para produzir um bom filme. “Fiz questão de incluir um diretor de arte e de ter um storyboard, uma influência que trago das histórias em quadrinhos”, confessa.
Charles nem começou a filmar, mas já tem outros projetos na cabeça: um documentário sobre a infância de Assis Chateaubriand na cidade paraibana de Umbuzeiro (vizinha a Casinhas), e um longa de ficção intitulado Morte Grátis. Admirador confesso dos filmes de Cláudio Assis e Beto Brant, o jovem diretor tem inquietude suficiente para começar a carreira com o pé direito.
Fonte: DIARIO DE PERNAMBUCO