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sábado, 23 de abril de 2011

Mesmo com estímulo, educação integral ainda é para poucos

Este ano, 16 mil escolas da educação básica foram pré-selecionadas pelo Ministério da Educação para participar do programa. As inscrições estão abertas e há 15 mil vagas, mas nem todas as escolas preencheram os formulários com os planos de trabalho propostos (Foto: Internet)


DO IG


charlesnasci@yahoo.com.br


Aumentar a carga horária de estudos das crianças e dos adolescentes brasileiros – e, com isso, ampliar a variedade de atividades oferecidas na escola – é uma das soluções mais defendidas por gestores e especialistas para melhorar a qualidade do ensino no País. A educação integral, no entanto, ainda está longe de ser uma realidade para todos os estudantes brasileiros.

De acordo com o Censo da Escolar de 2010, 1,3 milhão de brasileiros matriculados no ensino fundamental têm atividades em tempo integral (4,8% do total de matrículas nessa etapa). No entanto, apenas 469 mil deles permanecem sete horas ou mais na escola. A maioria passa pouco mais do que o tempo regular de aulas (cerca de quatro horas) no colégio e realiza atividades complementares no turno contrário.

Além de programas estaduais e municipais, o Ministério da Educação também tenta incentivar a ampliação dessa oferta. O programa Mais Educação, criado em 2007 para garantir recursos financeiros às escolas interessadas em oferecer ensino integral aos seus alunos, já atende 357 mil estudantes, de acordo com o Censo Escolar 2010. Os números da coordenação do programa, aliás, divergem dos fornecidos pelo Censo.

As atividades do Mais Educação começaram em 2008. As escolas cadastraram no sistema do MEC, naquele ano, 380 mil crianças beneficiadas pelas atividades do programa, oferecido em 1.380 escolas de 55 municípios. Em 2009, houve a ampliação do atendimento para 5 mil escolas em 126 municípios de todos os estados e no Distrito Federal, com a participação de 1,5 milhão de estudantes, de acordo com o cadastro. Em 2010, 10 mil escolas foram atendidas e 2,2 milhões de participantes.

Este ano, 16 mil escolas da educação básica foram pré-selecionadas pelo Ministério da Educação para participar do programa. As inscrições estão abertas e há 15 mil vagas, mas nem todas as escolas preencheram os formulários com os planos de trabalho propostos. Ao todo, 14.300 mandaram propostas. O período para apresentação dos projetos, que encerraria dia 28 de fevereiro, foi prorrogado para 26 de abril.

Jaqueline Moll, diretora de concepções e orientações curriculares da Secretaria de Educação Básica do MEC, lembra que a interiorização do projeto tem aumentado a dificuldade para que as escolas se inscrevam. O uso da informática e da internet e o próprio estranhamento com a ideia de educação integral pelos gestores escolares são entraves para a participação das escolas.

“A visão de escola em turnos está ossificada no Brasil. Isso é o mais difícil de mudar. O recurso chega, mas é preciso compreender o sistema e modificar o olhar sobre a educação integral. Ela deve ser processo de aprendizado diferente e não só ampliação do tempo”, afirma Jaqueline.