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segunda-feira, 23 de maio de 2016

GOVERNO TEMER: Gravação sobre Lava Jato derruba ministro Romero Jucá do Planejamento

Romero Jucá. FERNANDO BIZERRA JR EFE
Do EL PAÍS
charlesnasci@yahoo.com.br

Pivô do primeiro escândalo que sacode o Governo interino de Michel Temer, Romero Jucá teve de deixar o Ministério do Planejamento horas depois de Folha de S. Paulo divulgar gravação em que ele sugere articulação para conter a Operação Lava Jato tendo como uma das estratégias o impeachment de Dilma Rousseff. Jucá, homem-forte de Temer e investigado por suposto envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, primeiro anunciou que pediria licenciamento, mas terá que se demitir para reassumir o cargo de senador por Roraima. Temer emitiu uma nota em que agradece Jucá por seus serviços prestados e diz querer contar com a ajuda do aliado no Congresso Nacional.

"Registro o trabalho competente e a dedicação do ministro Jucá no correto diagnóstico de nossa crise financeira e na excepcional formulação de medidas a serem apresentadas, brevemente, para a correção do déficit fiscal e da retomada do crescimento da economia." Com o afastamento do ministro, Dyogo Oliveira ficará interinamente no cargo até que o presidente em exercício consiga convencer alguém de sua confiança a assumir a função. Oliveira era secretário-executivo de Nelson Barbosa no Governo de Dilma Rousseff. Para o ministério o principal candidato é o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Para o cargo dele iria Moreira Franco, o atual secretário-executivo do Programa de Parcerias e Investimentos.

A queda de Jucá vem apenas horas depois de ele afirmar a jornalistas que sua conversa com o ex-presidente da subsidiária da Petrobras Transpetro Sérgio Machado não era motivo para que ele deixasse o cargo. "Não tenho nada a temer, não devo nada a ninguém", disse. No áudio de pouco mais de uma hora, Jucá concorda com Machado e diz que o processo de afastamento de Dilma Rousseff levaria Michel Temer ao poder e proporcionaria um acordo amplo, "com o Supremo (Tribunal Federal), com tudo" e "delimitaria a Lava Jato" e poderia proteger até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também investigado. A gravação, provavelmente feita por Machado para negociar delação premiada, está em poder do Ministério Público Federal.