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sexta-feira, 23 de março de 2018

OPINIÃO: A lei não vale para Lula

Lula (Jefferson Coppola/VEJA)
Por RICARDO NOBLAT (VEJA)
charlesnasci@yahoo.com.br

A segunda instância da Justiça pode mandar prender quem condenar. Assim decidiu o Supremo Tribunal Federal pela terceira vez há dois anos. Mas até a quarta-feira dia 4 de abril, haverá pelo menos um homem neste país que ela não poderá mandar prender: Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o que decidiu o Supremo Tribunal Federal. Sabem por quê? Porque seus ministros não estão dispostos a trabalhar amanhã.

A maioria deles tem compromissos fora de Brasília. O feriadão da Semana Santa, para os ministros, terá a duração de 13 dias. Tomara que chova. Só no dia 4 de abril voltarão a se reunir para julgar o mérito do pedido de habeas corpus em favor de Lula. E para que ele não corra o risco de ser preso até lá, concederam-lhe uma espécie de salvo conduto. É justo que os brasileiros sejam obrigados a trabalhar amanhã, e até à próxima quinta-feira, e os mais bem pagos servidores públicos não?

Quem diz o que é justo e o que não é são os ministros da mais alta corte de justiça do país. Eles são donos da última palavra. A não ser quando abrem mão dela. Abriram, por exemplo, ao decidir que cabe ao Congresso autorizar ou não a prisão de um deputado ou senador. Uma vez, Lula classificou o ex-presidente José Sarney de "homem incomum". E, por "incomum", mereceria um tratamento especial. O Supremo coroou Lula como "homem incomum", digno de merecer, assim como Sarney, um tratamento para lá de especial.