A mão estendida de Lula

Do BLOG DE MAGNO MARTINS
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De passagem ontem por Brasília, a governadora Raquel Lyra (PSDB) saiu com R$ 1,7 bilhão para projetos na área de infraestrutura e saneamento no Estado, recursos tomados em empréstimos à Caixa Econômica Federal. O ato de assinatura foi prestigiado pelo presidente Lula. Filiada ao PSDB, partido de oposição ao Governo Federal, Raquel não pode reclamar de tratamento discriminatório ao Estado pela União, como fez Miguel Arraes (PSB) quando governava o Estado tendo como chefe da Nação Fernando Henrique Cardoso. A concessão do financiamento da CEF ao Estado não deve ter agradado ao PSB.

Candidato à reeleição, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), não deve estar vendo com bons olhos a gentileza de Lula com a tucana. Nas eleições do ano que vem, a governadora vai querer, a todo custo, derrotar o herdeiro de Eduardo Campos e com dinheiro em caixa, apresentando um leque de obras, tende, claro, a criar mais dificuldades para João. Governo forte é governo que tem obras, fluxo de caixa, que atende as demandas políticas, que acabam se traduzindo em dividendos eleitorais. Raquel só se fortalece se apresentar, até a campanha de João, um leque de realizações que convença a população de que é boa gestora.

Os instrumentos estão sendo dados por Lula a Raquel, através desta parceria com a CEF. O fato é sagrado, a interpretação livre. Se lá na frente, a governadora estiver fortalecida, a ponto de complicar a reeleição de João, isso não se dará por um esforço isolado dela ou competência, mas pelo fato de que o Governo Federal ajudou. Lula tem sido tão generoso com ela que até arriscou a sua popularidade, em dois atos públicos, para conter vaias do público no Recife e em Paulista.

MAIS DE R$ 900 MILHÕES – Este será o segundo crédito que o Estado garante junto a bancos nacionais depois que a Assembleia Legislativa autorizou, em maio, um empréstimo de R$ 3,4 bilhões com o Banco Mundial. Na última visita de Lula a Pernambuco, no início de junho, a governadora assinou um contrato de financiamento de R$ 900 milhões junto ao Banco do Brasil para obras de infraestrutura.