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quarta-feira, 22 de maio de 2024

Mais uma jogada eleitoreira


Do BLOG DO MAGNO
charlesnasci@yahoo.com.br

Uma semana após explorar politicamente a tragédia do Rio Grande do Sul, nomeando Paulo Pimenta, pré-candidato a governador do Estado em 2026, como ministro da Reconstrução, o presidente Lula transformou, ontem, a Marcha dos Prefeitos, em Brasília, em palanque eleitoral. Na tentativa de eleger o maior número de prefeitos nas eleições deste ano, o petista mudou o discurso em relação ao projeto de desoneração da folha para municípios com até 167 mil habitantes. Se lá atrás a taxação da contribuição de 20% – e não 8% – para o recolhimento da contribuição previdenciária seria imprescindível para a União, passou a não ser mais desde ontem.

Diante de um batalhão de prefeitos, Lula abandonou a retórica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que chegou a trombar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por este ter ficado ao lado dos municípios, e defendeu pressa na aprovação do projeto de desoneração no modelo que atende aos prefeitos. No ano passado, quando foi cobrado sobre o assunto, para não contrariar o ministro da Fazenda, Lula disse: "Não podemos fazer apenas desoneração sem dar contrapartida aos trabalhadores, eles precisam ganhar alguma coisa. A empresa deixa de contribuir sobre a folha e o trabalhador ganha o quê? Não tem nada escrito [na lei] que ele vai ganhar R$ 1 a mais no seu salário".

Já ontem, numa postura eleitoreira e oportunista, afirmou diante dos prefeitos: "É preciso que haja urgência na votação no Senado da desoneração dos municípios com até 156 mil habitantes para que os prefeitos não sejam pegos de surpresa". Trata-se de uma mudança radical, mas com viés eleitoreiro: Lula quer eleger o maior número de prefeitos nas eleições deste ano
. Vale registrar ainda a estrondosa vai que o presidente levou ao ser anunciado no palco da cerimônia. As vaias foram dadas por alguns prefeitos que estavam na plateia. Em contraposição, a outra parte do público tentou abafar a manifestação com gritos efusivos em apoio ao petista. Em seu discurso, Lula não citou as vaias. Ele afirmou que o Brasil vive um novo momento, de "civilidade" entre todos os entes públicos, e agradeceu o "respeito" e "carinho" com que foi tratado no evento.