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domingo, 1 de dezembro de 2024

De Gutenberg a Zuckerberg censurar é uma idiotice e uma inutilidade


Do JORNAL O PODER - Zé da Flauta
charlesnasci@yahoo.com.br

Imagine o frisson nos corredores dos castelos e catedrais quando Gutenberg apresentou sua prensa. "Como assim, qualquer um poderá ler a Bíblia?", deve ter pensado um bispo suando dentro de sua batina. "E se começarem a questionar nossos decretos divinos?!" Era um mundo onde saber ler era privilégio de poucos e, de repente, pequenos jornais começaram a pipocar nas tavernas. Textos rebeldes circulavam por mãos calosas, e a aristocracia tremeu mais do que gelatina em banquete. A solução? Caçar as prensas e prender os audaciosos que ousavam espalhar ideias. A censura não começou ontem, não.

REAÇÃO

Avançando uns séculos, chegamos a Zuckerberg, o Gutenberg digital, mas com uma diferença crucial: ele não entrega ideias em papel, mas em memes, vídeos e textões. E se Gutenberg deu o poder da palavra ao povo, Zuckerberg entregou um megafone. Como no século XV, os poderosos logo ficaram inquietos: "E se todo mundo começar a questionar nossas verdades modernas?!" Não demorou para que redes sociais enfrentassem suas próprias "inquisições". Páginas desmonetizadas, postagens apagadas, e o velho jogo de abafar vozes retornou, só que agora com algoritmos no papel de carrascos.

CONTROLE

No fundo, pouca coisa mudou. Se lá atrás o medo era de que camponeses lessem um panfleto revolucionário, hoje é de que internautas compartilhem um vídeo "polêmico". E assim como no passado, quem domina os meios tenta controlar a mensagem. No século XV, prensas foram queimadas; no XXI, criadores de conteúdo assistem suas fontes de renda evaporarem com um clique. É a modernidade mantendo suas tradições: cada inovação precisa ser podada para caber no jardim de quem manda.

PRAGA

Mas eis a ironia: nem reis conseguiram segurar a prensa, e nenhuma censura consegue segurar a internet por muito tempo. A história se repete como um meme viral: ora tragédia, ora comédia. De Gutenberg a Zuckerberg, o povo continua inventando jeitos de falar, ler e se informar, porque ideias são como aquela praga do jardim que insiste em crescer: quanto mais você tenta arrancar, mais ela se espalha.