Da redação
charlesnasci@yahoo.com.br
O depoimento é da assistente social Alessandra Soares, mais conhecida como "Coca", e foi postado nesta terça-feira (08) em sua página no Facebook:
"Sou filha natural de Casinhas, do sítio Catolé de Mitonho, filha de Aristides e Livramento. De família humilde, estudei no Grupo Gedeão Almeida, perto de casa, depois fui para o Grupo Escolar João XXIII, em Casinhas, e logo em seguida para a Escola Municipal São Luiz, onde terminei o antigo 2º Grau, em 1992. Casinhas nessa época pertencia a Surubim. Dificuldade tamanha para quem queria estudar, pela distância que era sairmos de nossas casas para Casinhas, já que era o único lugar que tinha escola para 1º e 2º Grau.
Saíamos a pé, seja lá de canto de Casinhas que estivéssemos, com chuva ou com sol, de sapato, de sandália boa ou se arrancando o 'pitôco', sem dinheiro para lanchar e muitas vezes nem merenda tínhamos, porque na época era raridade termos merenda e, com fome, voltávamos para casa, onde passávamos nos terrenos dos outros e fazíamos aquela boquinha escondida com umas frutinhas que encontrávamos pelo caminho. Porém, éramos felizes por termos a oportunidade de estudar.
Me lembro que eu era bem pequenina, magrinha, pernas finas que dava dó, mas nunca desisti, cansada muitas vezes desse ir e vir a pé. Para mim, era distante pois carro naquela época era uma novidade. Por muitas vezes ficava em frente da fazenda de Seu Mário Henrique pra ver se ele me dava uma carona, e ele, com pena de mim, me dava, mas nunca parava em frente à escola, ia direto para garagem, e de lá eu vinha; mas para mim era uma alegria porque nesse dia eu só 'voltava' a pé, cansava menos, e tudo isso nunca foi empecilho para pensar em não ir em frente.
Foi assim que, aos 16 anos, concluí meu magistério. Parei por aí, pois não tinha condições de fazer faculdade, mesmo tendo a pública em Nazaré da Mata, e eu não tinha nenhum conhecido em Surubim que pudesse me dar um apoio para que eu pudesse ter onde pernoitar, já que transporte era difícil. Em 93, comecei a trabalhar por Surubim, na minha ex-Escola Gedeão Almeida, como professora. Em 95, Casinhas ganha uma batalha e se torna cidade, e eu, muito feliz por essa conquista, sonhadora em ver minha cidade crescer.
Tornando-se cidade em 96, faz história tendo Rosineide Barbosa como sua primeira Prefeita e eu fui convidada para fazer parte da gestão dela, desde o dia 02 de janeiro de 1997, na Educação. Foram dias e anos de luta, pois encontramos Casinhas largada, com escolas sem bancas, sem livros, sem estrutura alguma para poder receber com dignidade os nossos alunos. Não medimos esforço, fomos buscar livros doados em vários Municípios, até em Cumaru fomos buscar; a Saúde praticamente não existia, mas dia-a-dia com uma equipe de garra, de fé, de fibra e de união, se fez história que pode ser vista até hoje.
O transporte escolar dos sítios para a cidade, escolas maiores na zona rural e com transporte, isso tudo me marcava muito porque meu sofrimento foi tamanho nesse aspecto, assim como merenda, material escolar e o fardamento doado pela prefeitura foi um ganho muito valioso. Várias pessoas do Município empregadas, outras fazendo cursos técnicos, faculdade, e retornando para ser multiplicador na cidade que tanto amamos. Após quase 13 anos, fiz minha faculdade, fiz duas pós, vários cursos técnicos e, de complementação, estou ingressando em mais uma pós-graduação.
E hoje, mais uma vez, estou me dedicando com minha bagagem de conhecimento a fazer com minha parcela de contribuição que a minha tão amada Casinhas se desenvolva ainda mais. Hoje completando 19 anos a minha, a sua, a nossa Casinhas, está novamente sob os cuidados da Gestão que a viu crescer, que ensinou a dar os primeiros passos e cuidou por 8 anos com muito entusiasmo. Tenho convicção e certeza que as idéias de crescimento e progresso, que a busca das novas conquistas será incessante e superará qualquer ação que aconteceu no passado.
Alunos: Aproveitem cada oportunidade, busquem seus próprios espaços, pois a Educação é a única riqueza que nada conseguirá tirar nem apagar de vocês, a não ser sua falta de interesse em adquirir e construir algo mais com seus conhecimentos.
Funcionários: A vontade de fazer o melhor pelo outro e por Casinhas deve ser seu objetivo. O sorriso sincero em receber o outro, o pensar que o outro necessita de seu interesse em ajudar, que o outro precisa que você o enxergue com o coração como um ser especial que busca sua ajuda. Atender e fazer com quem o procura, independente de sua função, o que você gostaria que fizessem com você e com os seus é o que deve prevalecer em seu atendimento; reconhecer que errou e pedir desculpas é virtude, pois errar é humano, mas permanecer não constrói cidadãos.
Casinhenses: União por um único objetivo é a razão de um trabalho digno para nossa cidade que tanto amamos. Hoje temos uma jovem de 19 anos que precisa estar amadurecida, seguir crescendo cada dia mais com a parcela de contribuição de cada um de nós. Parabéns Casinhas! Eu me sinto orgulhosa em ser sua filha e hoje estar contribuindo para o seu crescimento, minha gratidão será eterna por você que está me proporcionando a oportunidade de junto com a atual gestão fazer acontecer.
PROGRESSO SEMPRE."
Alessandra Soares,
Assistente social.
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