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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018: O 'papo reto' de Mano Brown ao PT

Descrente sobre uma possível virada, ele aponta os erros de um partido que leva os trabalhadores no nome, mas cada vez menos nas costas
Foto: Google Imagens/Reprodução
De CARTA CAPITAL
charlesnasci@yahoo.com.br

"A cegueira que atinge lá, atinge aqui também", disse Mano Brown a petistas presentes ao comício de Fernando Haddad na noite da terça-feira 23 no Rio de Janeiro. Chegou a ser vaiado por uma parte da militância pelo "papo reto", ao dizer que tem "30 milhões de votos para tirar" e não confia numa virada. "Sou realista." Nesta quarta-feira 24, Haddad tentou pôr panos quentes nas críticas ao afirmar que "Mano Brown tem toda razão". "Precisamos voltar pra periferia de coração aberto porque a periferia não votou com a gente no primeiro turno". Apesar do leve mea-culpa, o discurso do candidato ainda é eleitoral.

ASSISTA AO VÍDEO:

     

As críticas do rapper parecem justificar apenas a derrota na fase inicial da disputa: "Vamos voltar pra base e governar o Brasil com a base, como sempre fizemos", conclui o petista. O diagnóstico do músico, uma referência para a periferia de São Paulo, não se resume à derrota do partido no primeiro turno – basta lembrar que Haddad também perdeu a prefeitura para João Doria nos bairros mais pobres de São Paulo em 2016. É a síntese de erros acumulados nos últimos anos, da corrupção à falta de trabalho de base, que abriram caminho para os mais pobres virarem as costas ao PT e flertarem com o autoritarismo.

Ninguém sabe melhor o que está ocorrendo na periferia que Mano Brown. Neste ano, afirmou em apresentações que é preciso combater o "pensamento escravagista" e não jogar o "voto fora" no candidato do PSL. Em outro show, falou de sentimentos que, antes escondidos, agora estão dispersados. "Todo esse monte de gente dizendo que vai votar no Bolsonaro é porque é recalcado já de uns dias e não se assume". Ao contrário do PT, o rapper já combatia o crescente bolsonarismo entre os mais pobres desde o início do ano, quando o partido ainda mergulhava no drama pessoal e político de Lula.

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