Da GAZETA DO POVO - Rodrigo Constantino
charlesnasci@yahoo.com.br
A política é uma forma velada de guerra. Muitos liberais e progressistas gostam de sonhar com a política como uma atividade nobre, em que cada candidato apresenta seus projetos e um debate racional toma conta na hora do eleitor decidir. Mas esse é o mito do eleitor racional, de que falava Bryan Caplan. E também o mito do político civilizado, preocupado com a coisa pública, que a Escola das Falhas de Governo já apontou. Na prática, não é bem assim. Um quer matar o outro, a disputa pelo poder é voraz, os interesses comezinhos predominam e o jogo é bruto. A diplomacia surgiu para tentar impedir a guerra, o estado natural e tribal da humanidade. Não resta dúvidas de que é uma evolução poder parlar em vez de guerrear com seu adversário.
A democracia sobrevive onde o tribalismo é domesticado. O populismo de direita é uma resposta a um sistema podre e carcomido, que declarou guerra ao povo e usa a política como instrumento, com a cumplicidade da velha imprensa. Mas a besta humana está sempre à espreita, pronta para assumir o comando. No "debate" da TV Cultura este domingo isso ficou bem claro. Datena acabou dando uma cadeirada em Pablo Marçal. O episódio foi o destaque do dia e só se falou nisso. Alguns justificaram a ação violenta do tucano desequilibrado, já que Marçal "provocou". Outros admitem que não há espaço para agressão física na política.
Com algum distanciamento, prefiro refletir sobre a essência da política com algum realismo. O fenômeno Marçal já é algo que merece atenção, e poucos tentam ou conseguem explicar. Os políticos profissionais, com seus colegas do "jornalismo profissional", preferem simplesmente ignorar o que se passa, e torcer o nariz para o estilo de Marçal. Muitos devem, no fundo, ter comemorado a cadeirada de Datena. Afinal, o alvo foi Marçal, odiado pela turma.
O populismo de direita é uma resposta a um sistema podre e carcomido, que declarou guerra ao povo e usa a política como instrumento, com a cumplicidade da velha imprensa. Nossos jornalistas vão sentir saudades de Bolsonaro, basicamente um gentleman! Basta pensar que na bancada de entrevistadores da TV Cultura, que recebe verba do estado de SP, estava a blogueira esquerdista Vera Magalhães e o comunista Leonardo Sakamoto, enquanto entre os candidatos havia o invasor Boulos. E isso todos os atores do teatro político tratam com normalidade.
A resposta a essa encenação é Pablo Marçal, que tira essa gente do sério avacalhando o circo e chamando comunista de comunista. Ele não segue o script da turma, e isso é inaceitável. O estilo de Marçal ofende as sensibilidades dos engomadinhos, mas quem partiu para cima com violência física foi o candidato do PSDB. E o partido reagiu afirmando que Datena segue como o candidato, ou seja, pode jogar cadeira sim, se for tucano. O mesmo, em grau maior, acontece nos Estados Unidos: Trump é a grande ameaça à democracia, mas quem sofreu dois atentados em dois meses foi ele, não a democrata. No episódio do último domingo, um atirador foi pego antes de poder alvejar o candidato republicano. Era um democrata.
"Não há espaço para a violência na política americana", diz nota de Kamala Harris. Mas os democratas, além de instrumentalizar a Justiça contra Trump, alegam que o bilionário é uma espécie de Hitler reencarnado, que vai destruir a nação – ignorando que ele foi presidente faz pouco tempo com bons resultados. Essa demonização não é um convite à violência? Impedir a todo custo Hitler não seria sinônimo de salvar a democracia? O mesmo partido que relativiza atos violentos do Black Lives Matter quer bancar o defensor das boas maneiras enquanto instiga os piores instintos em sua base radical.
A esquerda faz tudo pelo poder. É uma tribo hipócrita, violenta e obcecada pelo controle de nossas vidas. Quando sentem que estão prestes a perder esse poder, os esquerdistas apelam. Acusam seus adversários de coisas terríveis diante de um espelho. Projetam nos outros o que são. Basta pensar no odiento imitador de focas querendo dar lições sobre tolerância. Investem na divisão da sociedade para avançar com seu projeto de poder. Justificam a violência quando não há mais o que fazer, pois a esquerda tem um salvo-conduto para agir fora da lei.
O povo vai alimentando uma revolta crescente, sentindo-se aviltado deste processo democrático fajuto, e clama por alguém disposto a escancarar a farsa e enfrentar seus inimigos. Acaba correndo o risco de transformar qualquer um disposto a cumprir esse papel em herói. Mas é o cansaço diante do engodo dos "profissionais" que normalizam a violência política se praticada contra um lado do espectro ideológico: o direito.
charlesnasci@yahoo.com.br
A política é uma forma velada de guerra. Muitos liberais e progressistas gostam de sonhar com a política como uma atividade nobre, em que cada candidato apresenta seus projetos e um debate racional toma conta na hora do eleitor decidir. Mas esse é o mito do eleitor racional, de que falava Bryan Caplan. E também o mito do político civilizado, preocupado com a coisa pública, que a Escola das Falhas de Governo já apontou. Na prática, não é bem assim. Um quer matar o outro, a disputa pelo poder é voraz, os interesses comezinhos predominam e o jogo é bruto. A diplomacia surgiu para tentar impedir a guerra, o estado natural e tribal da humanidade. Não resta dúvidas de que é uma evolução poder parlar em vez de guerrear com seu adversário.
A democracia sobrevive onde o tribalismo é domesticado. O populismo de direita é uma resposta a um sistema podre e carcomido, que declarou guerra ao povo e usa a política como instrumento, com a cumplicidade da velha imprensa. Mas a besta humana está sempre à espreita, pronta para assumir o comando. No "debate" da TV Cultura este domingo isso ficou bem claro. Datena acabou dando uma cadeirada em Pablo Marçal. O episódio foi o destaque do dia e só se falou nisso. Alguns justificaram a ação violenta do tucano desequilibrado, já que Marçal "provocou". Outros admitem que não há espaço para agressão física na política.
Com algum distanciamento, prefiro refletir sobre a essência da política com algum realismo. O fenômeno Marçal já é algo que merece atenção, e poucos tentam ou conseguem explicar. Os políticos profissionais, com seus colegas do "jornalismo profissional", preferem simplesmente ignorar o que se passa, e torcer o nariz para o estilo de Marçal. Muitos devem, no fundo, ter comemorado a cadeirada de Datena. Afinal, o alvo foi Marçal, odiado pela turma.
O populismo de direita é uma resposta a um sistema podre e carcomido, que declarou guerra ao povo e usa a política como instrumento, com a cumplicidade da velha imprensa. Nossos jornalistas vão sentir saudades de Bolsonaro, basicamente um gentleman! Basta pensar que na bancada de entrevistadores da TV Cultura, que recebe verba do estado de SP, estava a blogueira esquerdista Vera Magalhães e o comunista Leonardo Sakamoto, enquanto entre os candidatos havia o invasor Boulos. E isso todos os atores do teatro político tratam com normalidade.
A resposta a essa encenação é Pablo Marçal, que tira essa gente do sério avacalhando o circo e chamando comunista de comunista. Ele não segue o script da turma, e isso é inaceitável. O estilo de Marçal ofende as sensibilidades dos engomadinhos, mas quem partiu para cima com violência física foi o candidato do PSDB. E o partido reagiu afirmando que Datena segue como o candidato, ou seja, pode jogar cadeira sim, se for tucano. O mesmo, em grau maior, acontece nos Estados Unidos: Trump é a grande ameaça à democracia, mas quem sofreu dois atentados em dois meses foi ele, não a democrata. No episódio do último domingo, um atirador foi pego antes de poder alvejar o candidato republicano. Era um democrata.
"Não há espaço para a violência na política americana", diz nota de Kamala Harris. Mas os democratas, além de instrumentalizar a Justiça contra Trump, alegam que o bilionário é uma espécie de Hitler reencarnado, que vai destruir a nação – ignorando que ele foi presidente faz pouco tempo com bons resultados. Essa demonização não é um convite à violência? Impedir a todo custo Hitler não seria sinônimo de salvar a democracia? O mesmo partido que relativiza atos violentos do Black Lives Matter quer bancar o defensor das boas maneiras enquanto instiga os piores instintos em sua base radical.
A esquerda faz tudo pelo poder. É uma tribo hipócrita, violenta e obcecada pelo controle de nossas vidas. Quando sentem que estão prestes a perder esse poder, os esquerdistas apelam. Acusam seus adversários de coisas terríveis diante de um espelho. Projetam nos outros o que são. Basta pensar no odiento imitador de focas querendo dar lições sobre tolerância. Investem na divisão da sociedade para avançar com seu projeto de poder. Justificam a violência quando não há mais o que fazer, pois a esquerda tem um salvo-conduto para agir fora da lei.
O povo vai alimentando uma revolta crescente, sentindo-se aviltado deste processo democrático fajuto, e clama por alguém disposto a escancarar a farsa e enfrentar seus inimigos. Acaba correndo o risco de transformar qualquer um disposto a cumprir esse papel em herói. Mas é o cansaço diante do engodo dos "profissionais" que normalizam a violência política se praticada contra um lado do espectro ideológico: o direito.