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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

A picanha e a cerveja prometidas na campanha de Lula devem demorar a chegar na mesa dos brasileiros


Do JC ONLINE - Igor Maciel
charlesnasci@yahoo.com.br

A julgar pelo texto que deve ser aprovado no Congresso, com a PEC da Transição furando o teto fiscal por dois anos para poder pagar o Bolsa Família, o combo eleitoral "picanha e a cerveja" deve demorar um pouco para virar realidade no governo petista. É que o PT insiste com a impossibilidade incontornável de que a liberação para gastar mais do que o orçamento dure somente um ano. Dois anos é o mínimo para eles que, espertamente, propuseram algo sem fim, inicialmente, e trabalharam por um prazo de "ao menos" quatro anos como alternativa. Agora dizem que dois anos tudo bem, mas um ano não dá.

O que se está discutindo é por quanto tempo vamos gastar mais do que arrecadamos e qual será o tamanho do rombo fiscal no fim da brincadeira. O relator do orçamento calcula que pode chegar a R$ 175 bilhões em 24 meses. Se estamos falando de emergência e o PT diz que não consegue sanar a emergência em menos do que dois anos, significa que as contas não vão se organizar antes disso. Significa também que a conversa de "picanha e cerveja" é algo que não vai ser realidade para a maioria dos brasileiros, pelo menos, antes de 2025.

Não se trata de ignorar a necessidade de alívio financeiro para pagar o Bolsa Família, necessário para a sobrevivência de muita gente, mas da responsabilidade para não gastar tanto ao ponto de aumentar a inflação de maneira descontrolada. Não existe dinheiro de graça, não existe criatividade para enquadrar a matemática no médio prazo. Lula pode sair do governo, em 2026, com a aprovação maior que 80%, mas deixar um abacaxi para o sucessor, como saiu do segundo mandato e deixou para Dilma Rousseff (PT) em 2010. Na época, Dilma tentou usar a criatividade com a matemática e sabemos o que aconteceu.